INTERTEXTUALIDADE: Há mais coisa entre os textos do que sonha nossa vã sabedoria.
Como dizem por aí “ Na natureza nada se cria, tudo se copia.” Assim acontece com os textos que produzimos. Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois durante o processo de criação ocorrem relações dialógicas entre os textos que escrevemos e os textos que acessamos ao longo da vida. O pai da química, parafraseado no início desse texto, sabia muito bem disso quando afirmou que “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
O texto base é, portanto, a matéria que se transforma, ou seja, é um texto já criado que exerce influência na criação de um novo texto. Diversos autores utilizam textos já existentes e reconhecidos, chamados de textos fontes, para servir de base às suas novas criações. Contribuem assim para o enriquecimento da exploração de um determinado tema, da exaltação de uma personalidade, da comemoração de um acontecimento, da valorização da cultura de um povo,etc.
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Você deve conhecer a música Monte Castelo, de Renato Russo. Mas você sabia que nela há intertextualidade?
A começar pelo título: Monte Castelo é o nome do local onde a FEB (Força Expedicionária Brasileira) ganhou sua principal batalha durante a Segunda Guerra Mundial - ou seja, uma alusão a um ato de heroísmo contra o desamor da humanidade. O título, ao contrário da maioria dos títulos, é uma referência antagônica a mensagem da letra.
Na letra da canção, o autor utiliza a citação de dois textos :
Ainda que eu falasse\A língua dos homens\E falasse a língua dos anjos\Sem amor eu nada seria.
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
( Trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios)
O amor é o fogo que arde sem se ver\É ferida que dói e não se sente\É um contentamento descontente\É dor que desatina sem doer\Ainda que eu falasse\A língua dos homens\E falasse a língua dos anjos\Sem amor eu nada seria\É um não querer mais que bem querer\É solitário andar por entre a gente\É um não contentar-se de contente\É cuidar que se ganha em se perder\É um estar-se preso por vontade\É servir a quem vence, o vencedor\É um ter com quem nos mata a lealdade\Tão contrário a si é o mesmo amor.
(Amor é fogo que arde sem se ver, Luis Vaz de Camões)
O conhecimento dos textos-fonte, isto é, a obra de Camões, a Carta aos Coríntios e não soubesse o fato histórico remetido pelo título, faz toda a diferença para a interpretação da poesia ( música). Portanto a interpretação textual não depende apenas do conhecimento do código, que é a língua portuguesa, mas também das relações intertextuais que influenciam de maneira decisiva no processo de compreensão e de produção de textos.
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Referência:
http://tcfabri.blogspot.com.br/2014/05/intertextualidade-exemplos-musicas.html - Último acesso em 25/09/2017.