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O verbo na construção do texto


O primeiro passo para iniciar qualquer tema-aula é fazer as seguintes reflexões: O que eu desejo que meu aluno aprenda com o tema abordado? Que relevância esse aprendizado terá para sua vida ( acadêmica e social)?


Há muito tempo venho me perguntando: Ensinamos gramática para quê? Afinal, os nossos alunos, sejam de escolas públicas ou particulares continuam a ter um baixíssimo nível em proficiência leitora e escrita. Mas, não ensinamos gramática para que os nosso alunos adquiram competência comunicativa? Então por que essa competência não vem sendo atingida?


Podemos voltar às perguntas iniciais: O que desejamos que nossos alunos aprendam com um amontoado de regras e conceitos gramaticais? Que relevância a memorização dessas regras terá na vida acadêmica e social de nossos alunos?

Desse modo, podemos perceber que temos nos enganado ao ensinar a gramática pela gramática e que temos que desconstruir esse paradigma e reconstruir novas possibilidades de ensino da língua.


As regras e os conceitos deixam de ser o centro do ensino da Gramática e a reflexão de uso dos elementos linguísticos passam a ter maior relevância.


Em relação aos verbos, temos que refletir em primeira mão a sua natureza imprescindível : os verbos são o núcleo dos enunciados significativos. No entanto, o ensino do verbo permanece preso às conjugações completas de determinados verbos, do estudo de estruturas verbais não mais utilizadas. Atividades essas que só fazem gastar tempo, papel e contribuir para a aversão dos alunos ao assunto. Ninguém aprende a utilizar os verbos nos textos que lê e produz, conjugando-os e decorando conceitos sobre eles.

Retirando as regras, o conceitos e o mecanicismo do centro da ação de ensinar, nos resta refletir o verbo como uma palavra essencial para a articulação e expressão do conhecimento e da interação social. Afinal, o verbo é a palavra que indica o que está acontecendo. Ele é tão importante que, sozinho, dá conta de expressar todo um estado de coisas ou intenção comunicativa.


Exemplos disso, as expressões " Bateu, levou" ; " Bobeou, dançou."; "Vim,vi,venci." 'Será?", "Quero ver!" " Pare, olhe, escute." e o texto " Como se conjuga um empresário", essencialmente construído por verbos.

Sendo assim, o aluno começa a compreender a importância do verbo para a construções dos discursos e a perceber o verbo como palavra temporal, pois eles indicam o tempo em que se processa o evento designado. Expressando o estado das coisas, ou seja, as ações e os eventos que precisamos dar conta quando falamos ou escrevemos.


E para dar conta dessas ações e eventos precisamos propiciar que os alunos compreendam que:


* O verbo é uma palavra composta de radical e de sufixos próprios( desinências que indicam tempo, modo, pessoa e número);



* Os tempos verbais conjugados em seus respectivos modos indicam quando e de que maneira estão acontecendo os eventos do discurso. O tempo verbal está sempre ancorado no momento da fala, no aqui e agora da enunciação, ou num momento diferente ao momento da fala ao qual o contexto linguístico salienta.


* O verbo deve ser observado em seu aspecto, que indica a maneira de como o falante avalia o estado das coisas descritas. Uma mesma ação ocorrida no passado, por exemplo,pode ser enunciada por diferentes pontos de vista: " Quando o avião pousou, começou a chover"; " Quando o avião pousou, estava começando a chover."; "Quando o avião pousou,tinha começado a chover."


* O verbo nos permite modalizar o estado de coisas que descrevemos: Os modos indicativo, subjuntivo, imperativo possuem valores semânticos.


* O verbo cria uma matriz com lacunas a serem preenchidas por sintagmas nominais, gerando sentenças completas; como, por exemplo, o verbo " transportar " : quem transporta, o que transporta, de onde transporta, para onde transporta.


* O verbo estabelece uma perspectiva , ou seja, um ponto de vista a respeito do estado das coisas enunciadas : "José bateu em João" e "João apanhou de José" descrevem o mesmo estado de coisas com perspectivas diferentes.


* O verbo nos obriga a examinar a categoria de pessoa, ou seja, os participantes referidos nas sentenças e os papéis que desempenham nela;


* O verbo comporta informação de voz. A voz nos permite colocar em evidência, no centro da ação ora um ora outro participante do processo expresso pelo verbo;


*O verbo é o motor da sintaxe, é o nó da oração, é a palavra que organiza tudo, é a ele que todas as outras palavras estão ligadas, direta ou indiretamente.



Sendo assim, o ensino do verbo é muito mais que "decorar" conjugações e conceitos de tempo, modo, voz etc. É, sobretudo, investigar nos diversos textos como os verbos funcionam, como são as estruturas sintáticas formadas por eles e quais são os seus valores semânticos.


BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do Português Brasileiro




 

Exemplos de atividades  para refletir sobre a  língua. 

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